Governo vai recrutar 500 Jovens pela Paz

Mário Sérgio Júnior
Foto: Rodrigo Silveira

Um dos programas mais populares do então governador do Rio Anthony Garotinho (PR) — o projeto “Jovens pela Paz” — foi aprovado na Câmara de Campos recentemente e sancionado pela prefeita Rosinha Garotinho (PR). De acordo com o presidente da Câmara, o vereador Edson Batista, o programa em Campos funcionará em conjunto com a Polícia Militar (PM) com o intuito de oferecer oportunidades a jovens de bairros com maior índice de violência. O projeto de lei do gabinete da prefeita foi aprovado por unanimidade, porém para a oposição o debate poderia ter ficado para depois das eleições. O programa irá conceder bolsas de R$ 350 a R$ 500 a jovens entre 16 e 25 anos.

— A PM faz uma mancha da violência, que identifica quais bairros estão com índices altos de violência. Esses dados devem ser passados para a Fundação Municipal da Infância e Juventude, que irá desenvolver programas de resgate sociais com os jovens desses bairros. Por enquanto, está sendo feito o treinamento das equipes que atuarão no programa que terá um alcance social enorme. Os 500 jovens serão devidamente treinados para transmitir noções de cidadania e buscar prevenir a incidência de delitos em nosso município. Está comprovado que programas como esse são fundamentais e podem reduzir os problema sociais”, explicou Edson Batista.

O vereador de oposição Rafael Diniz (PPS) disse que não é contra projetos com jovens, mas para ele o projeto poderia ter sido apreciado antes ou depois do período eleitoral. “Não podemos aceitar um recrutamento de jovens em pleno período eleitoral. Por que não fizeram um projeto desses antes, já que esse grupo está no segundo mandato? Sem falar que não é com projetos como esse que vamos melhorar a vida de nossos jovens. Muito melhor seria o verdadeiro investimento na educação, com escolas de qualidade, cursos técnicos e profissionalizantes, formando uma juventude consciente e em condições de fazer suas próprias escolhas”, opinou.

Denúncias — O projeto “Jovens pela Paz” foi um dos programas mais populares do então governador Anthony Garotinho (PR) e tinha como objetivo o treinamento de adolescentes de comunidades carentes que atuariam como multiplicadores de conhecimento nessas regiões, principalmente em cursos de alfabetização e inclusão digital. Inicialmente, a proposta foi bem aceita. No entanto, o projeto recebeu diversas denúncias de uso político — da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), que fez inspeções nas contas sempre vultosas do programa, que chegou a contar com 12 mil integrantes em todo o estado.

Em 2005 — Além de denúncias de que os jovens estariam sendo recrutados para campanhas políticas, o “Jovens pela Paz” também foi alvo de queixas de mau uso de verba pública e que a maioria dos jovens chamados para fazer parte do programa não estariam participando de qualquer curso preparatório. Em 2005, numa sentença em primeira instância da comarca de Campos, quando foram declarados inelegíveis por três anos, Garotinho e a atual prefeita de Campos, Rosinha Garotinho (PR), acusados de captação de sufrágio para beneficiar o então candidato deles na região, Geraldo Pudim que hoje exerce o cargo de deputado estadual na Alerj. Entre outras coisas, o casal Garotinho teria explorado na campanha recursos de seus programas assistencialistas, como o Morar Feliz, de distribuição de casas populares, e o “Jovens pela Paz”.

Fonte: Folha da Manhã